segunda-feira, 25 de maio de 2015

Sambrasa Trio



Sambrasa Trio
EM som maior (1965)




Sambrasa trio foi um formidável grupo formado na era de ouro do samba-jazz, com meu conterrâneo, o alagoano Hermeto Pascoal (piano e flauta), Humberto Clayber (baixo e harmônica) e Airto Moreira (bateria), misturando elementos de jazz, samba, afro beat e uma pitada de jazz-rock. O trabalho foi o prelúdio do gênio Hermeto Pascoal.





Esta obra me marcou tanto que resolvi passar minhas impressões aqui.

  • Sambrasa (Airto Moreira)

Em "Sambrasa" há algo como a definição do sambrasa: uma canção com andamento rápido, com piano e baixo bem marcados, principalmente.


  • Aleluia (Edu Lobo / Ruy Guerra)

Aqui é possível ver a influência da bossa nova e samba, mantendo um apelo jazzístico no piano. A bateria marca o ritmo suavemente, como é típico na bossa nova, mas também alcança altas notas, diluindo um samba na canção.

  • Samba novo (Durval Ferreira / Newton Chaves)

Após esta atmosfera entisiasmante, chega o "Samba novo", com um jazz meio easy-listening no começo, cujo ritmo acelera e flui progressivamente, devido à bateria de Airto e em seguida ao piano de Hermeto.

  • Clerenice (José Neto Costa)

Clerenice mantém o easy-listening embora com um ar mais jazzístico que Samba Novo.

  • Duas contas (Garoto)

Este é um soft-jazz influenciado em canções típicas brasileiras (MPB), lembrando a herança praia/pesca de Dorival Caymmi.

  • Nem o mar sabia (Roberto Menescal / Boscoli)

Aqui o grupo começa quieto, até que aceleram na terça parte, onde parecem "correr de algo que nem o mar sabia".

  • Arrastão (Edu Lobo / Vinicius de Moraes)

Nesta releitura do sucesso dos festivais de canções populares nestes anos, o mar retorna como tema. O começo me lembra a força motora do barco. O movimento começa, de acordo com o piano. O piano também anuncia a vinda de grandes ondas, e o mar está inquieto. As teclas batem com força, o solo de baixo é incrível, e a bateria quebra tudo. E, meu Deus, o que é aquilo, após 3 minutos? Eles quebram, deitam e rolam em nome do jazz. Estes caras são foda!

  • Coalhada (Hermeto Pascoal)

Aqui vemos um incrível trabalho do piano jazz, assim como as batidas da bateria e baixo. Aliás o baixo é essencial nesta faixa. Anos depois Hermeto Pascoal toca denovo esta faixa (Hermeto Pascoal, 1970), crescendo em qualidade e complexidade. Ele deve se orgulhar desta faixa, primeira de sua autoria que ele gravou neste trabalho.

  • João sem braço (Humberto Clayber)

Capturando a atenção dos amantes do jazz, sentimos as escalas, tons e acordes tão maravilhosos que você deve perder a concentração. Magicamente a flauta aparece, e você se surpreende denovo.

  • Lamento nortista (Humberto Clayber)

Novamente vemos a poderosa performance do grupo, com o baixo sendo novamente indispensável. No entanto, temos uma atmosfera diferente. Você pode sentir um ar de mistério, destreza, que me petrificou, me fez imaginar um perigo oculto, invisível e devastador!

  • A jardineira (Benedito Lacerda / Humberto Porto)

Após tantas performances incríveis, podemos tomar um gole de calmaria. A bateria é sutil, o piano brinca, quase alcançando memórias de infância. A música flui até que no fim você enlouquece. É, acabou, pode chorar hahah.


Vai nessa, calango!
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